Música gospel
Música
gospel (do inglês gospel; em português, "evangelho") é
um tipo de música composto para expressar a crença, individual ou
comunitária, predominantemente cristã.
A música gospel é escrita e executada por muitos motivos com motivo religioso ou até cerimonial, ou como um produto de entretenimento para o mercado comercial. No entanto, o tema obrigatoriamente abordado na música gospel é o louvor, adoração ou graças a Deus.
Etimologia da palavra gospel
Em inglês,
"gospel", derivada do inglês "God-spell" que
significa Deus soletra, e as pessoas fazem alusão por algum motivo sem ser
mencionado como ao Evangelho bíblico que nos narra as "boas
novas ao mundo". A vinda de Cristo ao Mundo —, pelos livros dos Evangelhos Canônicos
de Mateus, Marcos, Lucas e João. Uma tradução literária da palavra grega, euangelion para
o Inglês eu- "good", -angelion "message", que
significa em Português, boa mensagem". Originalmente, no grego Clássico, angelion referia-se
a gorjeta que se dava ao mensageiro que entregava uma (eu = boa) mensagem
("o antigo correio"), mas já dos anos de Cristo a palavra se
cunhou no significado de "mensagem". A palavra grega, euangelion é
também a fonte do termo "evangelista". Os autores dos Evangelhos
Canônicos Cristão são conhecidos como os evangelistas. Geralmente, nos Estados
Unidos, o termo gospel é uma referência a trabalhos do gênero
de literatura cristã antiga.
Antes
do primeiro evangelho ser escrito (Marcos, c65-70 DC), Paulo, o
Apóstolo, usou o termo euangelion quando ele lembrou ao povo da
Igreja de Corrinto: …o evangelho que vos anunciei … (I Coríntios
15:1). Paulo asseverou que eles estavam sendo salvos pelo Evangelho, e ele
caracterizou nos termos mais simples, enfatizando a aparição de Cristo após a
Sua Ressurreição (15:3-8).
O
uso extensivo mais cedo de "euangelion" (gospel) para indicar um
gênero específico de escrever datas ao Século II: o bispo Justino
Mártir, por volta do ano 155 dC, em "1 Apologia LXVI,"
escreveu:"… os Apóstolos, nas suas memórias escritas por eles, a
qual são chamada de Evangelhos."
Na Introdução
ao Velho Testamento de Henry Barclay Swete, páginas 456-457, diz:
"Euangelion no LXX ocorre somente no plural, e talvez somente no sentido
clássico de uma recompensa pelas boas notícias" (II Sam. 4:10; 18:20;
18:22; 18:25-27 e II Reis 7:9. No Novo Testamento o termo
aparece apropriadamente as circunstâncias das boas novas Messiânica (Marcos
1:1; 1:14), provavelmente derivando este novo significado do uso Euangelion em
Isa. 40:9; 52:7; 60:6 e 61:1.
No Novo Testamento, o "evangelho" significava a proclamação do poder da salvação de Deus através de Jesus de Nazareth, ou da mensagem do Ágape proclamada por Jesus de Nazare. Este é o uso no Novo Testamento original (por exemplo: Marcos 1:14-15 ou I Coríntios 15:1-9; veja também "G2098 de Strong"). A palavra ainda é usada neste sentido.
História
O
gospel é a música cristã negra nos Estados Unidos da América. Talvez um dos
velhos estilos da música negra que realmente se aproximou do gospel, foi
o negro spiritual (em português, as canções harmoniosas dos
"Espirituais dos Negros").
O foco desta breve história é a música que fluiu da igreja Afro-americana deu origem a vários estilos musicais como blues que influenciou a música country que constituem o folk contemporâneo, rhythm and blues conhecido como R&B, jazz, soul, que deram origem ao rock and roll ao hip hop, que deram origem a música pop, e inspirou uma cornucópia de corais modernos, artistas do mercado R&B contemporâneo e o atual gospel contemporâneo (música cristã contemporânea), além de outros estilos musicais do gênero. Alimentado pela gigantesca indústria multibilionária de gravação musical nos Estados Unidos, o "pequeno infante" da música gospel pulou do seu berço humilde e cristão e atravessou as muralhas da igreja para um mercado bem diferente do mundo atual. E, o gospel continua a crescer. De acordo com a revista Norte-americana, gospel Today, dentre 2003 e 2008, sete gravadoras criaram divisões especiais somente para lidar com artistas gospel; as estatísticas da mesma publicação indicaram que os selos independentes cresceram 50%, e o rendimento das vendas só de música gospel chegou a triplicar nas últimas décadas, de US$180 milhões de dólares em 1980 a US$500 milhões em 1990.
Origens
Thomas
A. Dorsey (1899-1993), compositor de sucesso tipo There Will Be Peace
in the Valley, é considerado por muitos, O Pai da Música gospel. No início de
sua carreira ele era um importante pianista de Blues, conhecido aliás por
Geórgia Tom. Ele começou a escrever gospel depois que ouviu Charles A.
Tindley (1851-1933) numa convenção de músicos na Filadélfia, e
depois, abandonando as letras mais agressivas de outras canções, não
abandonou, contudo, o ritmo de jazz tão parecido com o de Tindley. A
Igreja inicialmente não gostou do estilo de Dorsey e não achou apropriado para
o santuário, na época. Em 1994, após o seu falecimento, a revista
Norte-americana, Score, publicou um artigo com o título: The Father of gospel
music (em português, "O Pai da Música gospel"); neste artigo a
revista declara que quando Dorsey percebeu, no início de sua carreira com o
gospel, que muita gente estava brigando contra a música gospel, ele estava
"determinado para carregar a bandeira" a favor do gospel, bem
entendido. Assim ele fez. Ele investiu em 500 cópias da canção dele, If you See
My Saviour (em português, "Se Você Ver o meu Salvador") e enviou para
diversas igrejas do país. Levou quase três anos para ele conseguir mais pedidos
da música e ele quase retornou a tocar o Blues. Mas Dorsey não desistiu e com
ajudas de outros bons músicos ele foi em frente. Trabalhou com as
cantoras, Sallie Martin (1895-1988) e Willie Mae Ford Smith (1904-1994),
escreveu centenas de músicas gospel e testemunhou a sua música subir no púlpito
das igrejas—aonde, uma vez, recusaram ela de subir! Dorsey fundou a Convenção
Nacional de Corais gospel nos Estados Unidos, em 1932, uma organização que
ainda existe até hoje na origem da música gospel.
O desenvolvimento do gospel
Muitos
outros novos nomes apareceram. Talvez fossem "prisioneiros de uma
velha corrente, mas agora estavam salvos" prontos para alimentar a
nova corrente do gospel, como Mahalia Jackson, Clara Ward e James
Cleveland. Mahalia Jackson (1911-1972) foi convidada para cantar no
televisionado Ed Sullivan Show, minutos antes do eternizado discurso
pró-liberdade negra de Martin Luther King, que ele disse as palavras
certas na hora certa: I have a dream (em Português, "Eu tenho um
sonho"). Mahalia acabou sendo a convidada para cantar durante a cerimônia
do funeral do Rev. King; talvez, como num toque de mágica, ela escolheu uma
canção de Dorsey: Take My Hand, Precious Lord (em Português,
"Precioso Senhor, Pegue Minha Mão").
Clara
Ward (1924-1973) junto ao The Ward Singers, foi uma artista com presença e
substância. Sua canção Surely God is Able foi comentada como o
primeiro disco de platina após a Segunda Guerra Mundial. Mas
esta informação não pode ser confirmada pois a RIAA mantém que Edwin
Hawkins Singers foi o primeiro vencedor do disco de ouro com um
gospel, em 1968, com o famoso sucesso, Oh, Happy Day, desde que
a RIAA começou a manter as estatísticas nas vendas dos discos, mas
Ward influenciou muitos artistas com seu estilo, incluindo nomes como Little
Richard e Aretha Franklin, que mantém que Ward era seu ídolo.
James
Cleveland (1932-1991): se Dorsey foi aclamado, por muitos da indústrias e
seus seguidores, como o pai da música gospel, o cantor Cleveland
foi coroado, pelos seus admiradores, "The King of gospel" (em
Português, "O Rei do gospel"). Ele recebeu nada menos do que
quatro GRAMMYs, incluindo um póstumos pelo seu álbum Having Church.
Assim como Clara Ward, James Cleveland tinha muita presença com sua audiência.
Ele não teve uma reputação de ter uma boa voz, mas ele conseguia agradar a
todos que o ouvia. O seu grande feito foi fundar sua organização, em 1967,
Gospel Music Workshop of America, considerada a maior convenção de gospel do
mundo, hoje, com mais de 185 escritórios de representações distribuídos pelos
Estados Unidos.
O gospel no mercado comercial moderno
O
gospel Moderno em sua forma original era geralmente interpretado por um
solista, acompanhado de um coro e um pequeno conjunto
instrumental. Grandes intérpretes da música norte-americana começaram
assim, como cantores de gospel nas igrejas. É o caso de Mahalia
Jackson, Bessie Smith e Aretha Franklin, além de Ray
Charles e Solomon Burke. O gospel foi também se
influenciando, assumindo formas às vezes surpreendentes em se tratando de
música religiosa. É o caso dos quartetos gospel, surgidos após a Segunda
Guerra Mundial, com suas músicas gritadas, com danças e roupas extravagantes.
Deste estilo foram influenciados grupos e cantores rock dos anos
1950, desde "Bill Haley & His Comets", passando por Jerry
Lee Lewis, até Elvis Presley nos anos da década de 1960 e Michael
Jackson com a música "Will You Be There" na década de 90
Desde as décadas de 80 e 90 tiveram grande importância os corais e solistas, com destaque para Kirk Franklin e Fred Hammond.
Elvis Presley e o gospel
Elvis
Presley foi um dos maiores divulgadores desse gênero musical durante os
meados do século XX. Elvis adorava esse tipo de música, inclusive,
tanto quanto rock, blues, R&B, country e música
erudita.
Desde
a década de 1950 ele já incorporava em seus álbuns e canções algumas
influências desse gênero tipicamente americano. Como exemplo podemos citar, o
acompanhamento vocal do grupo gospel "The Jordanaires", logo depois,
no final da década de 1960 até o começo da década de 1970,
vieram os "The Imperials" e durante a mesma década os "The
Stamps", com a participação de J. D. Sumner e até mesmo um grupo
vocal feminino de nome "Sweet Inspirations" e de outra cantora
chamada "Kathy Westmoreland".
Elvis
lançou quatro álbuns gospel: Peace In The Valley em 1957, His
Hand in Mine em 1960, How Great Thou Art em 1967,
considerado um dos "divisores de águas" em sua carreira e He
Touched Me em 1972. Para se ter a real noção do que Elvis representou
para o gospel americano, ele ganhou três GRAMMYs por suas
interpretações gospel, em 1967, 1972 e 1974. Já em 2001 ele
entrou para o "Hall da fama" do gospel, deixando para sempre
marcado o seu nome nesse gênero musical americano tão importante e influente.
Entre
os seus sucessos gospel estão, "Peace in the Valley", "Crying
in the Chapel", sucesso mundial em 1965, "How Great Thou
Art" entre outras. Muitos o consideram um dos maiores intérpretes
desse gênero tipicamente sulista nos Estados Unidos.
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